No passado dia 23, o Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões, vivenciou um evento subordinado ao tema “ESG e o Trabalho Marítimo-Portuário”.
Organizado pelas Federações de sindicatos mais representativas dos setores marítimo e portuário, a FESMAR-Federação de Sindicatos dos Trabalhadores do Mar e a FNSTP-Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores Portuários, o evento caracterizou-se pela sua singularidade – os sindicatos quiseram discutir o seu setor, a partir de um estudo que não encontra paralelo na Europa.
O estudo, solicitado pelas duas Federações, é da autoria da Globalmoza-Partnerships for Humanity, do Instituto de Conhecimento e da Área Transversal de Economia Social da Universidade Católica Portuguesa – Porto, aborda a situação laboral dos trabalhadores portuários e marítimos em Portugal, com especial ênfase nos indicadores ESG, foi apresentado no decurso da conferência.
O programa contou ainda com a intervenção de dois distintos conferencistas, com três mesas redondas com temas diferentes, com a presença do Governo e do Governo Regional dos Açores, sindicalistas, gestores públicos e privados, dirigentes associativos, todo um conjunto de pessoas que na sua diversidade manifestaram o desejo de afirmação e competitividade dos portos nacionais.
Na sua intervenção, o presidente da FNSTP, a propósito do estudo, referiu que o mesmo reconhece a importância reivindicativa de questões que se revestem da maior justiça para os trabalhadores portuários, como sejam: a criação de um estatuto profissional; o reconhecimento da profissão, uma das mais polivalentes; a saúde e segurança dos trabalhadores e o direito à reforma antecipada. “É mesmo bom ter alguém de fora a olhar para nós“, disse. Na oportunidade, observou que “passaram oito anos, de resiliência, de expectativas criadas pelos sucessivos governos – estou a falar de um documento solicitado pelo governo de então elaborado pela nossa Federação – cujo resultado até ao dia de hoje é nulo“. Referindo-se ao futuro, disse que o mesmo “precisará sempre de trabalhadores motivados, exigentes, formados, que se reveem com orgulho no setor onde trabalham“, reclamando do Governo “um diferente olhar para o setor portuário, no que ele representa para a economia nacional, sobre temas e questões que denotam a pertinência e a necessidade há muito reclamada pelos trabalhadores“, esperando que as empresas reconheçam “a ainda patente existência de um défice de diálogo“.
Durante o dia, foi conferenciado muito mais do que o estudo, foi discutido o setor portuário, bem como o setor marítimo, de forma livre e informada.
Na sessão de abertura, usaram da palavra João Pedro Neves, presidente do conselho de administração da APDL, Aristides Peixoto, da FNSTP e João de Deus da FESMAR
Foi primeiro orador principal, José Luis Estrada Llaquet, sócio-gerente da Estrada Port Consulting, especializado em portos e transportes, desenvolveu a sua intervenção referindo-se aos portos de quarta geração, dando foco às questões: ambientais, de descarbonização, de digitalização, automação, robotização, ciber segurança, concentração de empresas, relevando o fator humano como fundamental na integração das novas tecnologias.
A equipa que apresentou o estudo realizado pelo consórcio Globalmoza, Instituto de Conhecimento e a Universidade Católica Portuguesa.
Peter Janson (UCP), Daniela Coutinho (Globalmoza), Leonor Abreu (UCP) e Matos Fernandes (Instituto de Conhecimento)
Painel sobre o SETOR PORTUÁRIO, moderado por Íris Delgado, assessora do conselho de administração da APL
oradores:
Américo Vieira (FNSTP), David Pedra Costa (ETPRAM), Nuno David Silva (YILPORT Iberia), Andreia Ventura (Grupo ETE) e João Pedro Neves (APP)
Hugo Espírito Santo, Secretário de Estado das Infraestruturas, referiu-se ao papel da APDL na promoção e desenvolvimento das atividades portuárias e marítimas, e destacou a importância dos trabalhadores no futuro do setor.
João Carvalho, segundo orador principal, foi presidente da AMT e do IMT, sempre ligado aos setores marítimo e portuário.
Desenvolveu a sua intervenção relevando a importância do transporte marítimo como o pilar central da globalização mundial, reconhecendo aos marítimos o seu contributo para o sucesso do setor.
Painel sobre o SETOR MARÍTIMO, moderado por Rui Raposo, presidente da Direção da Associação dos Armadores da Marinha de Comércio (AAMC)
oradores:
Luís Carvalho (FESMAR), Alexandre Delgado (FESMAR), António Caneco (Transinsular), Duarte Rodrigues (Grupo SOUSA), Hugo Bastos (Douro Azul)
O terceiro painel, moderado por Matos Fernandes, Instituto de Conhecimento, consultor para a área portuária, trouxe ao debate os portos e o transporte marítimo, e seus trabalhadores, à escala europeia.
oradores:
Anthony Tetard (EDC- European Dockworkers Council) e Alfons Guinier (ex-SG da ECSA-European Community Shipowners Associations)
A sessão de encerramento contou com as intervenções do Ministro da Economia, Pedro Reis, através de uma mensagem video, Mário Mourão, secretário-geral da UGT, e de José Bolieiro, presidente do Governo Regional dos Açores.
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